terça-feira, 16 de outubro de 2012

INDISPENSÁVEL EM QUALQUER DISCIPLINA...

O que é escrever bem?

     Irmão Elvo Clemente

     Em momentos de tranqüilidade, recordam-se mestres da língua portuguesa recentemente falecidos, tais como Gládstone Chaves Melo, em 7/12/2001. Recordo com saudade a sua vinda a Porto Alegre em julho de 1953, homenageado pelos professores de nossa universidade. Era vibrante a sua palavra, agradável a sua maneira de dissertar sobre tema gramatical, histórico, estilístico ou religioso. As palavras vinham-lhe com facilidade, as comparações e as metáforas surgiam ao natural. Era mestre de bem escrever e falar. Alcançara essa habilidade graças a seus anos de diuturnas e perseverantes leituras e estudos. Num belo texto em seu livro "Ensaio de Estilística da Língua Portuguesa" lê-se: "Falar ou escrever bem é escolher com justeza as palavras, as construções, o ritmo. Para tanto, necessário é saber pensar e ter gosto: espirit de géométrie e espirit de finesse, conforme dizia Blaise Pascal. Trata-se de decobrir e exercitar, tomar consciência e formar o Habitus, tarefa da escola, da família, de cada um para si mesmo. Tarefa nobre e esquecida hoje, quando já não se ensina a lingua, não se forma o gosto e, muito mais grave, se estimulam a confusão mental e a subversão das hierarquias nacionais. Por isso, é atualíssimo o estudo da gramática e o estudo da estilística como remédio a um mal crescente e avassalador".

     Essas palavras eram publicadas em livro de 1975, o que se observa 28 anos depois? Onde está a leitura correta e gostosa em sala de aula e em casa? Onde está a preparação da redação (descrição narrativa ou dissertativa)? Admiramo-nos de ver o Brasil entre países de menor letramento em Língua Portuguesa e em Matemática. As crianças, os adolescentes e os jovens não são treinados a pensar, a refletir sobre pequenos textos, sobre pequenas narrativas, pequenas fábulas. O pensar, o refletir não surgem espontaneamente nos pequenos cérebros.

     Vem-me à mente a lamentação do profeta Jeremias: "A terra de meu povo está desolada porque não há quem medite, que saiba pensar...". Como é que formaremos um povo pensante se ninguém se preocupa em formar os pequenos? Prezados colegas, não desanimemos, juntemos forças; embora pequenas, são sempre forças para salvar os adolescentes e os jovens que estão em salas de aula. Pelo bom exercício da fala e da escrita em língua vernácula podemos formar as pessoas que falam e escrevem corretamente e, assim, saibam conduzir seus passos no bem, na virtude da verdadeira cidadania.

Fonte: http://www.pucrs.br/manualred/textos/texto6.php

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